2007/08/01

Governação para um grupo alargado no pt-jug

Todas as comunidades, quando atingem uma dimensão tal que torna o diálogo impossível e moroso, precisam de delegar as responsabilidades em menos pessoas. Por enquanto somos poucos mas bons, no futuro, desejo que sejamos muitos. Desejo que esta comunidade Portuguesa de Java tenha como alvo um público o mais alargado possível, de modo a obter massa crítica para ter sucesso sustentado a longo prazo.

Ponderei longa e duramente sobre este assunto para o caso particular do pt-jug.

Penso que quem presidir o pt-jug deve ter experiência associativa, bem como saber profundo sobre comunidades online.

Penso que o modelo do Ditador Benévolo não se aplica aqui. Penso que tal Ditador, para ser um bom ditador, respeitado por todos, tem de ser forjado no combate no terreno. Tal líder, para além disto, tem de se dedicar de corpo e alma.

Ditadores Benévolos, na nossa área das comunidades online, são como o Linus Torvalds, autor do Kernel Linux, que lutou sozinho quando mais ninguém acreditava e arrastou uma multidão atrás. Dedicou toda a sua vida ao projecto. Moldou as decisões pessoais a ele: inclusivé mudou de casa várias vezes, para obter um ambiente mais propício ao trabalho.

Não é o nosso caso para o pt-jug. Penso que não acreditamos em ninguém como capaz de semelhante sacrifício pessoal em prol desta comunidade. Não devemos ficar de braços cruzados à espera de um Afonso Henriques, Dom Sebastião, Marquês de Pombal, ou Salazar vindo do nevoeiro para nos salvar. Temos de nos saber governar sem um ditador benévolo.

Vejo, no seio do pt-jug, pessoas que sabem do que falam. Pessoas motivadas, sem papas na língua, com personalidades fortemente individualistas e agendas próprias. Temos de lhes dar asas e espaço de manobra. Se as encurralarmos, lutam ou fogem, tal como no passado.

Penso que devemos seguir o modelo de governação dos cidadãos livres : Atenas.
Modelo contrário ao de Esparta, cidade militarizada em que cada membro era um soldado com dedicação total à causa.

Não acredito nos modelos mistos das democracias modernas, como a do governo dos EUA, não acredito nestes modelos para o nosso caso.

Penso que os modelos das democracias modernas premeiam a mediocridade para garantir a estabilidade. Penso que este compromisso, a favor da estabilidade, é válido para o governo de uma grande nação, em que a própria segurança física das pessoas está em jogo, mas não penso que o seja no nosso caso.

Na Atenas primordial a liderança era feita por Arcontes. Uma trindade de homens livres.

Porquê três?

Penso que mais de três pessoas num grupo, de cidadãos livres bem intencionados, torna as decisões difíceis. Primeiro o grupo torna-se num comité com ou sem chefe de mesa. Depois é o caos. A barreira de comunicação torna o diálogo impossível. Pois para haver diálogo sem ruído, usando o nosso dom natural da voz, temos de falar um de cada vez. A nossa velocidade de assimilação, pensamento, e formulação de resposta verbal tem limites. Não se consegue fazer mais nada de útil. Apenas se fala e não sobra tempo para mais.

Conheço intimamente uma comunidade internacional online de sucesso, com 11 anos de existência, que ainda hoje persiste assim. Conheço intimamente uma empresa nacional de sucesso, com 25 anos de existência, que ainda hoje persiste assim. Acredito neste modelo. Acredito neste modelo, se os Arcontes forem pessoas de mérito: sábias e dialogantes.

Com menos de três pessoas a liderar o pt-jug, arriscamos-nos a sobrecarregar essa pessoa ou pessoas. Estas três pessoas devem ter capacidades complementares, mas aceitar trocar de chapéus numa emergência. Sugiro os seguintes perfis para cada Arconte:

Chefe da Logística
Chefe das Finanças
Chefe da Comunicação

As decisões executivas importantes devem ser tomadas com consenso dos três. Cada Arconte pode nomear ajudantes voluntários, por mérito, na medida que achar necessário. As finanças devem ser públicas e transparentes.

Os Arcontes de Atenas tinham mandato limitado, por exemplo, de um ano. Penso que devemos, para além disto, também ter um limite de número de mandatos para renovar o sangue da comunidade. Friso novamente: não devemos fossilizar. Se o fizermos, dispersamo-nos outra vez.

Se as finanças o justificassem, podíamos ter pessoas a tempo inteiro, pagar soldo a membros que vão a reuniões. Até pode aparecer um Ditador Benévolo, líder único a tempo inteiro, como Atenas na era de Péricles. Neste momento não vejo base de suporte para isso acontecer.

1 comentário:

O Maior disse...

Ois,

Excelente iniciativa esta :)

Queria perguntar como se pode participar, pois já uso JAVA à mais de 7 anos no mundo empresarial e gostaria de saber como posso participar nesta excelente iniciativa.

Pois por essa Europa fora temos muito bons exemplos de alguns JUGs muito bons como o caso do BEJUG

Se puder participar ou ajudar em alguma coisa avisem

João Cerdeira,
cerdeira@gmail.com